Colágeno: suporte nutricional para a saúde musculoesquelética

O colágeno é a principal proteína estrutural dos tecidos conjuntivos do corpo humano, compondo elementos-chave como músculos, tendões, cartilagens, ligamentos e fáscias. Sua presença é essencial para garantir resistência, elasticidade e funcionalidade a essas estruturas, sendo especialmente importante em situações de desgaste, dor crônica ou baixa capacidade de recuperação tecidual.

A dor crônica é uma realidade silenciosa, mas crescente, que afeta milhões de pessoas no mundo e pode estar relacionada ao excesso de exercícios físicos ou condições inflamatórias. A prevalência pode variar significativamente entre os estudos e as populações analisadas. Em uma revisão sistemática publicada no Brazilian Journal of Pain foi identificado 35 estudos que investigaram a prevalência de dor crônica no Brasil, com resultados variando de 23,02% a 76,17%, e uma média nacional de 45,59%, afetando mais o sexo feminino.

Com isso, cresce o interesse por terapias complementares que possam amenizar os possíveis sintomas relacionados ao musculo — e é nesse cenário que o colágeno, uma proteína estrutural fundamental para músculos, tendões e articulações, começa a ganhar destaque.

Além de sua função estrutural, alguns peptídeos bioativos de colágeno têm sido investigados por seus potenciais efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, com capacidade de modular citocinas pró-inflamatórias e reduzir o estresse oxidativo — aspectos diretamente implicados na neuroinflamação associada à dor.

Estudos clínicos também têm mostrado que a suplementação com colágeno pode auxiliar na redução das dores musculares pós-exercício e na melhora da recuperação muscular.

Durante o exercício físico, principalmente os de resistência e impacto (como corrida, musculação ou pliometria), ocorre uma estimulação mecânica dos tecidos conjuntivos. Essa sobrecarga gera um estresse controlado que ativa mecanotransdução celular, um processo em que as células (especialmente os fibroblastos e tenócitos) convertem estímulos mecânicos em sinais bioquímicos.

Esse estímulo promove o aumento da expressão de genes relacionados à síntese de colágeno, como os genes COL1A1 e COL3A1, que codificam os principais tipos de colágeno presentes no sistema musculoesquelético. A síntese de colágeno fortalece e reestrutura os tecidos conjuntivos, melhorando a função mecânica das articulações e reduzindo o risco de microlesões — o que, por sua vez, diminui a ativação de nociceptores (terminações nervosas responsáveis pela dor).

Além disso, o exercício contribui para o aumento da vascularização local e da liberação de mediadores anti-inflamatórios, reduzindo o acúmulo de citocinas inflamatórias e modulando positivamente o ambiente bioquímico, o que também colabora para o alívio da dor crônica, como observado em quadros de osteoartrite e tendinopatias.

É importante reforçar que, embora os efeitos promissores dos peptídeos de colágeno na saúde musculoesquelética estejam cada vez mais documentados, sua utilização no contexto por exemplo de uma fibromialgia ou outras condições de dor crônica, deve ser encarada como uma abordagem de suporte nutricional complementar, e não como um tratamento específico para a síndrome, uma vez que ainda é necessário estudos clínicos mais robustos para comprovação científica.

Neste caso, os estudos são mais relacionados à modulação da dor em condições esportivas e que devem ser explorados pelo nutricionista. Vamos abordar a seguir!

Colágeno e músculo: o que dizem os estudos?

Um estudo clínico recente publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition (2023) investigou os efeitos da suplementação com peptídeos de colágeno sobre a dor muscular, fadiga e força em homens de meia-idade saudáveis que não praticavam exercícios regularmente. A pesquisa seguiu um modelo randomizado, duplo-cego e cruzado (crossover), envolvendo 20 participantes entre 40 e 65 anos.

Durante o estudo, os participantes ingeriram diariamente 10g de colágeno hidrolisado ou placebo por 33 dias, com um intervalo de 23 dias entre os períodos de intervenção. No 29º dia de cada fase, eles realizaram um protocolo de esforço físico composto por até cinco séries de 40 agachamentos com o próprio peso corporal.

Os resultados mostraram que a dor muscular imediatamente após o exercício foi significativamente menor no grupo que recebeu colágeno, com uma média de 32 mm na escala VAS, em comparação aos 45,8 mm do grupo placebo. A fadiga percebida também foi reduzida de forma relevante e ambos os resultados apresentaram significância estatística. Além disso, após 48 horas, a força muscular dos membros inferiores foi maior no grupo que consumiu colágeno (85,2 kg) em comparação ao grupo placebo (80,5 kg).

A dor muscular pode estar associada a uma resposta inflamatória causada por microlesões nos tecidos musculares e conjuntivos. O colágeno, por sua vez, é uma proteína estrutural presente em músculos, tendões e ligamentos, e seus peptídeos hidrolisados vêm sendo estudados por seus potenciais efeitos anti-inflamatórios, regenerativos e moduladores da dor. Os pesquisadores ressaltam ainda que, embora estudos anteriores tenham focado em jovens atletas, os benefícios da suplementação podem ser especialmente relevantes para pessoas de meia-idade que buscam manter a saúde física com práticas de exercícios mais moderadas.

O estudo conclui que a suplementação com colágeno pode aliviar dores e fadiga musculares induzidas pelo exercício, além de contribuir para a melhora da força muscular — o que pode facilitar a adesão à atividade física e melhorar a qualidade de vida de pessoas nessa faixa etária.  

Exercício físico e suplementação de colágeno na redução de dor

Uma revisão científica publicada na Nutrition Reviews por Holwerda e van Loon (2021) investigou o impacto da ingestão de proteínas derivadas do colágeno — como colágeno hidrolisado e gelatina — na remodelação do tecido conjuntivo musculoesquelético. O estudo explora se essas proteínas específicas podem estimular a síntese de colágeno em músculos, tendões, ligamentos e ossos, contribuindo para saúde e desempenho físico.

Diferente do que se acreditava no passado, sabe-se hoje que o colágeno está em constante renovação, com uma taxa de turnover entre 0,5% e 2% ao dia. Essa renovação depende de diversos fatores, incluindo atividade física, envelhecimento, alimentação e saúde metabólica.

A prática de exercícios físicos é um dos estímulos mais eficazes para a síntese de colágeno. Já a inatividade, o envelhecimento e doenças crônicas reduzem essa síntese, aumentando a rigidez dos tecidos, prejudicando a função muscular e elevando o risco de lesões.  

Por outro lado, a ingestão de proteínas convencionais (como whey, caseína ou aminoácidos essenciais) não parece aumentar significativamente a síntese de colágeno nos músculos, mesmo quando combinada ao exercício. Isso ocorre porque essas proteínas têm baixos teores dos aminoácidos específicos mais importantes para o colágeno: a glicina e a prolina. Como esses dois aminoácidos são os principais precursores da síntese de colágeno — correspondendo a cerca de 43% da sua estrutura —, sua presença na dieta pode ser limitante para a produção adequada dessa proteína estrutural.

Nesse contexto, os suplementos derivados do colágeno hidrolisado contêm grandes quantidades de glicina, prolina e hidroxiprolina e são apontados como fontes mais adequadas para estimular a síntese de colágeno. Um estudo piloto com pacientes com tendinopatia de Aquiles mostrou que a suplementação com peptídeos de colágeno, aliada a exercícios de fortalecimento, melhorou a função e reduziu a dor. Outro estudo em mulheres pós-menopáusicas observou aumento da densidade mineral óssea com o uso diário de 5g de colágeno por 12 semanas. Já em pessoas com sarcopenia, a combinação de colágeno com treino de resistência levou a maiores ganhos de massa magra em comparação ao placebo.

A suplementação com colágeno biologicamente ativo, como o Genu-in® Life é indicado para ação 360º, atuando no organismo de acordo com a reais necessidades individualizadas de cada pessoa, sendo uma estratégia interessante de prescrição para auxiliar na saúde musculoesquelética, amenizando sintomas de dor, fadiga e favorecendo a qualidade de vida.

Formulado exclusivamente com a tecnologia Peptide Profile Tailoring, uma técnica que combina hidrólise enzimática e análise proteômica avançada, o Genu-in® Life garante perfis padronizados de peptídeos pequenos e médios, controlados lote a lote, absorção e eficácia previsíveis e validadas por estudos científicos.

Siga a Genu-in® no INSTAGRAM e acompanhe conteúdos exclusivos!

Fontes:

Kuwaba K, Kusubata M, Taga Y, Igarashi H, Nakazato K, Mizuno K. Dietary collagen peptides alleviate exercise-induced muscle soreness in healthy middle-aged males: a randomized double-blinded crossover clinical trial. J Int Soc Sports Nutr. 2023 Dec;20(1):2206392. doi: 10.1080/15502783.2023.2206392. PMID: 37133292; PMCID: PMC10158542.

Holwerda AM, van Loon LJC. The impact of collagen protein ingestion on musculoskeletal connective tissue remodeling: a narrative review. Nutr Rev. 2022 May 9;80(6):1497-1514. doi: 10.1093/nutrit/nuab083. PMID: 34605901; PMCID: PMC9086765.

Clifford T, Ventress M, Allerton DM, Stansfield S, Tang JCY, Fraser WD, Vanhoecke B, Prawitt J, Stevenson E. The effects of collagen peptides on muscle damage, inflammation and bone turnover following exercise: a randomized, controlled trial. Amino Acids. 2019 Apr;51(4):691-704. doi: 10.1007/s00726-019-02706-5. Epub 2019 Feb 19. PMID: 30783776.

Brandao-Rangel MAR, Oliveira CR, da Silva Olímpio FR, Aimbire F, Mateus-Silva JR, Chaluppe FA, Vieira RP. Hydrolyzed Collagen Induces an Anti-Inflammatory Response That Induces Proliferation of Skin Fibroblast and Keratinocytes. Nutrients. 2022 Nov 23;14(23):4975. doi: 10.3390/nu14234975. PMID: 36501011; PMCID: PMC9736126.

E4 Agência: Nutrição, Esporte, Cultura e Sustentabilidade
May 5, 2025
Conheça outros conteúdos!
Colágeno: suporte nutricional para a saúde musculoesquelética
Descubra como o colágeno pode auxiliar na saúde muscular e na redução de dor induzida por exercícios e inflamação. Veja o que a ciência diz sobre suplementação de peptídeos de colágeno nos tecidos conjuntivos.
Leia mais
Colágeno e Vida Ativa
Descubra como a suplementação de colágeno combinada com atividade física como a corrida pode beneficiar a saúde articular, a recuperação muscular e a composição corporal. Saiba mais!
Leia mais
Saúde Preventiva Antes dos 30
Conheça os benefícios de investir nos cuidados com a saúde antes dos 30 anos. Um estudo científico analisou 19 ensaios clínicos e confirmou que o consumo por 90 dias melhora a hidratação, elasticidade e reduz rugas em mulheres com 20 a 70 anos. Saiba mais!
Leia mais
Acessar o blog